NOTA BIOGRÁFICA
José de Almada Negreiros
Nasceu a 7 de Abril de 1893 na Roça da Saudade em S.Tomé e Príncipe e faleceu em Lisboa em 15 de junho de 1970.
A sua vida foi dedicada a diversas actividades:
Artista plástico, Poeta, Ensaísta, Romancista e Dramaturgo.
Em 1913 ligou-se ao movimento modernista,
fazendo parte da "Geração de Orpheu"
Auto defenia-se como "Modernista, Futurista e tudo..."
Sempre utilizou uma linguagem muito elementar (era assim considerada) tanto na escrita como nos desenhos. A criatividade e imaginação caracterizam toda a sua vasta obra.
A MINHA SELECÇÃO
MANIFESTO ANTI-DANTAS
Deixo aqui o final deste fabuloso texto, mas...
Não percam o texto INTEGRAL
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Morra o Dantas, morra! Pim!
Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!
RONDEL DO ALENTEJO
Em minarete
mate
bate
leve
verde neve
minuete
de luar.
Meia-noite
do Segredo
no penedo
duma noite
de luar.
Olhos caros
de Morgada
enfeitava
com preparos
de luar.
Rompem fogo
pandeiretas
morenitas,
bailam tetas
e bonitas,
bailam chitas
e jaquetas,
são de fitas
desafogo
de luar.
Voa o xaile
andorinha
pelo baile,
e a vida
doentinha
e a ermida
ao luar.
Laçarote
escarlate
de cocote
alegria
de Maria
la-ri-rate
em folia
de luar.
Giram pés
giram passos
girassóis
os bonés,
os braços
estes dois
iram laços
o luar.
colete
esta virgem
endoidece
como o S
do foguete
em vertigem
de luar.
Em minarete
mate
bate
leve
verde neve
minuete
de luar.
CONTOS PEQUENÍSSIMOS
esta grandeza de não a ter
é mais pequena que a de não desejar tê-la
e se o preço de participar é grandeza
não contem comigo
não participo
não participo nem contra grandeza
nasci ar
em forma de gente
nasci luz
em forma de gente
não me compreendo
e respiro-me
e vejo-me textual
a forma de gente faz-me agir fora do que nasci ar
fora do que nasci luz
e nasci ar para forma de gente
e nasci luz para forma de gente
nasci antes de mim
antes de forma de gente
era génio antes de nascer
em forma de gente
a forma de gente não me deixa ser o génio que nasci.
Um grande nome da cultura portuguesa o multifacetado artista Almada Negreiros que muito bem homenageaste aqui!
ResponderEliminarGostei muito dos excertos que escolheste para o recordar aqui:)