quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

XI - JOSÉ CARLOS SANTOS

 

PSEUDOAUTORETRATO

Ser poeta é ser teimoso
É ter o hábito penoso
De acreditar em ideais
De ver em tudo sinais
Ser poeta é ver olhos aos milhares
E só pensar nos teus
É saber que se me olhares
É para me dizer adeus
Ser poeta é andar perdido
Entre o querer e o não saber
É ter o coração partido
E não o conseguir ver
Ser poeta é ser doente
É ter um desejo cá dentro a gritar
E por mais que tente
Não o conseguir realizar
Ser poeta é ser louco
E dar importância aos pormenores
Que significam muito mas fazem pouco
E ignorar as coisas maiores
Ser poeta é não saber parar
E amar, e sentir, e morrer
E continuar a olhar o mar
Mesmo depois de anoitecer
Ser poeta é ser triste
E não conseguir perceber
Que tudo o que não viste
Foi porque não quiseste ver
Ser poeta é acreditar cegamente
Que aquela voz que ali vem
Vai ser diferente
E que vai ficar tudo bem
Ser poeta é tropeçar
Em cada degrau da escada
Ser poeta
Não é nada

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