quinta-feira, 20 de junho de 2013

18º ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO D. MARTINHO






PÓVOA DE SANTA IRIA
No 18º Aniversário da Associação D. Martinho


A origem da Póvoa de Santa iria
Remota àquele longínquo dia
Em que num acto que se julga benevolente
O então Cónego da Sé de Lisboa
D. Vicente Afonso Valente,
Uma importantíssima pessoa,
Não se sabe se a cerimónia teve incenso,
Criou o Morgado da Póvoa e o ofereceu
sem presença de Magistrado
Ao seu querido irmão Lourenço.

Para que vos situeis
Corria o ano de 1336.

Era uma pequena terra e no entanto
Bem do interesse dos familiares
Que dela queriam ser titulares
Passando dos Valentes para os Castelo-Branco
Então Senhores de Portimão
E destes para os muito elegantes
Lencastre e Távora, com o título na mão
De “Marquês de Abrantes”

Não sei se decido ou não em Assembleia
Mas esta terra pertencia
À primitiva “Aldeia de Ereya”
Donde se supõe ter derivado o nome de “Iria”

Conhecida mais tarde por “Póvoa D. Martinho”
A terra era rica em Sal e Azeite
E admite-se que para seu deleite
Os senhores já brindassem com bom vinho
As riquezas de que eram proprietários
À custa de trabalho de operários

No século 19 dá-se a extinção
Dos centenários Morgados
Que são então baptizados
Sem festa nem romaria
De Póvoa de Santa Iria

Com o Rio Tejo por companhia
A Póvoa ganhou muita energia
Com o trabalho não isento de dores
Dos seus bravos pescadores

De progresso em progresso
Chega finalmente o comboio.
Toda a gente sai à rua em apoio
Da obra de grande sucesso

A partir daí a Póvoa de Santa Iria
Passa de próspera Freguesia
E já com venerável idade
De Vila a desejada Cidade

Durante este longínquo caminho
E história memorável
Foi criada a Associação D. Martinho
Um grupo de homens notável
Que na cultura tem o seu corolário
E que hoje comemora o seu aniversário

Muitos nomes lutaram pela sua existência
Muitos nomes lutaram pela excelência
António Godinho e Custódio ribeiro
E muitos muitos mais…
José Nunes e António Nabais
Geraldes, Fiúza e Vitorino
Todos pela coragem merecem um hino!

De entre tantos e tantos
É justo recordar Arquimedes da Silva Santos
Um homem sem vaidade
Anti-fascista, defensor da Liberdade

Por ele neste fraterno ambiente
Curvo-me respeitosamente

E finalmente
Com muito carinho
Parabéns associação D. Martinho


Artur Santos
Póvoa de Santa Iria, 20 de Junho de 2013









sábado, 8 de junho de 2013

POEMA DA QUIMICA

O meu Poema da Química afixado no Laboratório
da Escola Secundária de Vila Real de Santo António
pela Professora Rosário narciso!

Foto de Rosário Narciso







domingo, 6 de janeiro de 2013

IX - JORGE PALMA




NOTA BIOGRÁFICA
Jorge Manuel d’Abreu Palma 

Nasceu em Lisboa, a 4 de Junho de 1950, e com apenas seis anos, ao mesmo tempo que aprendia a ler e a escrever, iniciou os seus estudos de piano, realizando, com apenas oito anos, a sua primeira audição no Conservatório Nacional, numa altura em que era aluno de Maria Fernanda Chichorro.

Em 1963, venceu o segundo prémio e uma menção honrosa num Concurso Internacional das Juventudes Musicais, realizado em Palma de Maiorca, ao mesmo tempo que prosseguia os seus estudos normais, primeiro no Liceu Camões, depois num Colégio Interno, em Mouriscas, perto de Abrantes.

O ano seguinte - 1964 - acabou por ser um ano chave na vida de Jorge Palma, pois marcou uma viragem a nível das suas preferências e práticas musicais, já que abandonou a música clássica, dedicando-se à música pop/rock, familiarizando-se com a guitarra numa base autodidacta.

in: http://www.jorgepalma.pt/p/biografia.html

A MINHA SELECÇÃO

A BEM DA NOSSA CIVILIZAÇÃO
Quando há pouco te ouvi conversar,
Foi um prisioneiro em quem o carcereiro pode confiar
A quem eu ouvi falar.

Mas os pontapés que vais evitando,
Não se perdem não e é o teu irmão quem os vai apanhar.
Desculpa estar-te a lembrar...

As coisas podem nunca parecer o que elas são
E é por isso que tu vais engolindo toda a droga que eles te dão
E se um dia fazes ondas de mais, tiram-te a ração...
A bem da nossa civilização.

Quando alguém tenta convencer-te
Que o dever é agir conforme o que ele decidir, ele não te está a ajudar.
Ele só te está a usar...

A confusão aumenta em teu redor
E não te deixa abrir, não te deixa sentir que só tu podes saber
O que tens a fazer.

As coisas podem nunca parecer o que elas são
E é por isso que tu vais engolindo toda a droga que eles te dão
E se um dia fazes ondas de mais, tiram-te a ração...
A bem da nossa civilização.

As coisas podem nunca parecer o que elas são
E é por isso que tu vais engolindo toda a droga que eles te dão
E se um dia fazes ondas de mais, tiram-te a ração...
A bem da nossa civilização


ENCOSTA-TE A MIM
Encosta-te a mim,
Nós já vivemos cem mil anos.
Encosta-te a mim,
Talvez eu esteja a exagerar.
Encosta-te a mim,
Dá cabo dos teus desenganos
Não queiras ver quem eu não sou,
Deixa-me chegar.

Chegada da guerra,
Fiz tudo p´ra sobreviver, em nome da terra,
No fundo p´ra te merecer
Recebe-me bem,
Não desencantes os meus passos
Faz de mim o teu herói,
Não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
Estou a partilhar contigo
O que não vivi, hei-de inventar contigo
Sei que não sei
Às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem,
Encosta-te a mim.

Encosta-te a mim,
Desatinamos tantas vezes.
Vizinha de mim,
Deixa ser meu o teu quintal,
Recebe esta pomba que não está armadilhada
Foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada
Porque arrasei o que não quis
Em nome da estrada, onde só quero ser feliz.
Enrosca-te a mim,
Vai desarmar a flor queimada,
Vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
Estou a partilhar contigo, e o que não vivi,
Um dia hei-de inventar contigo
Sei que não sei, às vezes entender o teu olhar,
Mas quero-te bem.

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim
Quero-te bem.
Encosta-te a mim.


COM TODO O RESPEITO
Entre o caos e o desassossego,
Eixos do mal,
Desordem mundial,
Há tanta gente quilhada.
Com todo o respeito

Andamos por aí
Sempre a mandar vir
Como é que é
Entre a cerveja e o café
Contestatários inatos.
Com todo o respeito

Temos de pagar pelo material de guerra.
Desaparecem os blindados.
A república sabe receber bem,
Gasta milhões que, por acaso, não tem.

O papa deu um grande passo em frente
Até já concorda com a camisa,
Mas só em casos fatais
Com todo o respeito

Este parque automóvel corta a respiração
Muito acima da nossa realidade
Alguém vai ter de pagar
Com todo o respeito

Os centros comerciais engolem a gente
Alguns vão comprar, outros só vão olhar
E há quem consiga roubar
Com todo o respeito

Enquanto os sem-abrigo se vão arrumando, entre
Recordações e algumas mantas,
Outros cuidam da sua aparência
E droga circula à nossa frente
Tanta corrupção neste país,
Arrogância e ganância sempre impunes
E a sopa dos pobres, lá estão!
Com todo o respeito

Os impostos disparam, apertamos o cinto.
Isto é para toda a gente, salvo raras exceções
Até alguém dizer: chega
Com todo o respeito

Falta virem taxar-me pelo ar que respiro,
Pelo passo que dou, cada vez que espirro.
Hão-de arranjar maneira
Com todo o respeito

E tu, meu amor, que gostas tanto de mim
Juraste ser leal, até ao fim.
Tivemos tantos sonhos, fizemos projetos
Alguns tiveram quase sucesso.
Dizias, meu amor, que eu era tudo para ti,
Mas nunca me falaste do teu amante
Só para me evitares o desgosto
Com todo o respeito
Eeeh! Pra me evitares o desgosto
Com todo o respeito


CANTIGA DO ZÉ
O zé não sabe onde pôr as mãos
E está farto de as ter no ar
Não teve sorte com os padrinhos
Nem tem jeito para roubar

O zé podia arranjar emprego e matar-se a trabalhar
Mas olha em volta e o que vê
Não o pode entusiasmar

E a cidade cá está para o entreter
Indiferente e fria, disposta a esquecer
Que a ansiedade é um minotauro
Que se alimenta de solidão
E que a ternura é uma bruxa
Que faz milagres
Se a mente a deixa ser

O zé está vivo e é das tais pessoas
Que sentem prazer em rir
Mas tenho visto ultimamente
Esse gosto diminuir

O zé experimenta um certo vazio
Comum de uma geração
Que despertou da adolescência
Com "vivas" à revolução

E a cidade cá está para o entreter
Indiferente e fria, disposta a esquecer
Que a ansiedade é um minotauro
Que se alimenta de solidão
E que a ternura é uma bruxa
Que faz milagres
Se a mente a deixa ser



CÁ VOU ANDANDO
Perdi as chaves de casa
A caminho da estação
Certo dia dei por mim
Sózinho, sem um tostão
Muita estrada já corri
Já mandei tanto trambulhão
E o Cristo-Rei dos meus pais
Nunca me estendeu a mão

E cá vou andando
Vou apenas andando
Nas pedras do caminho
Traço a minha direcção

Os meus passeios na cidade
São mais insónia que prazer
Vejo o tempo a dar-me a volta
E a paranóia a crescer
Sinto ganas de partir
Não há mesmo nada a fazer
Seja feitiço ou feitio
Eu só estou bem a mexer

E cá vou andando
Vou apenas andando
Sem encontro marcado
Encontro quem me apetecer
Pois cá vou andando
Vou apenas andando
Sem encontro marcado ...


GOSTO DE BRINCAR COM O FOGO
Gosto de brincar com o fogo
de jogar com as palavras
adoro coisas perigosas
incómodas e jocosas

Gosto de coisas obscenas
de soltar as fantasias
brincadeiras maliciosas
perversamente gostosas

Nunca peguei numa arma
eu nunca matei um homem
nunca violei mulheres
nunca massacrei crianças

Neste mundo em chamas
neste planeta a arder
neste inferno na terra
temos tudo a perder

Gosto de brincar com o fogo
deitar achas p'rá fogueira
gozar os truques da mente
e confundir toda a gente

Interessa-me a puberdade
excitam-me as pernas das freiras
gosto de provocar danos
nas teias dos puritanos

Mas não se brinca com a fome
nem com a miséria alheia
a vida não vale nada
quando se trafica o sangue

Neste mundo em chamas
neste planeta a arder
neste inferno na terra
temos tudo a perder